A permanência da governadora Roseana Sarney no governo frustrou toda uma engenharia montada pelo grupo Sarney, desde o ano passado, visando a vitória do grupo na eleição de outubro.
Lembrando: a estratégia consistia em Roseana disputar o Senado e eleger o seu pupilo, Luis Fernando governador indireto via Assembleia Legislativa. Para isso, conseguiram com facilidade colocar de escanteio o inofensivo e sem voto vice-governador Washington Oliveira, que foi acomodado com um cargo no TCE.
A ‘astuta’ Roseana só não contava que teria dificuldades de tirar do caminho o experiente presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo e a maioria deputados da Casa. Ele e o grupo de parlamentares mandaram avisar que a vaga era do parlamento e Melo disse que não abria mão de ser o governador eleito pela AL. Bateu o pé e não arredou. No fim das contas, Roseana não conseguiu demovê-lo e todo plano traçado para fazer Luis Fernando governador biônico, como forma de viabilizar seu nome, foi por água abaixo.
Arnaldo eleito governador, o grupo Sarney, principalmente o casal Roseana e Jorge Murad, não teriam mais poder sobre o governo – os negócios e interesses do clã estavam ameaçados – e naturalmente Melo seria candidato a reeleição sem vínculos com a oligarquia, causando um estrago no arraial sarneisista. Automaticamente a candidatura de Luis Fernando deixaria de existir, já que não poderia contar mais com o apoio da máquina administrativa.
Ou seja, Roseana teve que ficar no governo a contragosto.
O semblante de enterro e a voz de choro da filha do senador José Sarney ao anunciar, em breves e insossas palavras, de que permaneceria como governadora até o último dia de seu mandato deu a senha de o quanto ela estava contrariada.
Roseana sabe das dificuldades do seu pai se reeleger no Amapá e tem consciência, mais ainda, das dificuldades de Luis Fernando. A esperança dela era ver Luis candidato a governador no cargo, pois teria condições de mostrar alguma coisa. Seria o tiro de misericórdia.
Deu tudo errado. Agora, como diz o adágio popular, nem mel, nem cabaça. A derrota definitiva da oligarquia está cada vez mais próxima.