O empresário Eike Batista foi preso ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira (30). Com a cabeça raspada e uniforme de detento, ele foi colocado dentro de uma viatura e levado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Eike é suspeito dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Ele teve a prisão preventiva decretada depois que dois doleiros disseram que ele pagou US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral (ex-governador do Rio de Janeiro), o equivalente a R$ 52 milhões, em propina.
Veja como funcionava o esquema:
Trajetória de Eike Batista
Eike Batista chegou a ser um dos empresários mais influentes do Brasil. A letra X era a marca de um império. Foi escolhida por ser o símbolo da multiplicação. Mas os negócios de Eike Batista se multiplicaram menos por influência da letra e mais pela ambição e pelas relações dele com o poder.
Em quatro décadas, ele passou de um estudante de engenharia que vendia seguros de porta em porta na Alemanha ao homem mais rico do Brasil.
Filho do ex-ministro de Minas e Energia, Eliezer Batista, Eike Batista deixou a Alemanha nos anos 80 e veio para cá atrás do ouro da Amazônia. Criou uma empresa de mineração com dinheiro emprestado e, em um ano e meio, disse ter ganhado US$ 6 milhões.
Com o tempo, Eike Batista passou a colecionar empresas e a se, aventurar por outras áreas: infraestrutura, setor hoteleiro, petróleo e gás.
Eike Batista fez fortuna. Com um patrimônio de US$ 30 bilhões, foi parar na lista dos homens mais ricos do mundo da revista “Forbes”, ocupando a sétima posição.
Em uma entrevista à repórter Sônia Bridi, no Fantástico, em 2012, Eike Batista disse que tinha um prazo para se tornar o homem mais rico do mundo: 2015 ou 2016.
Um bilionário que gostava de exibir a coleção de barcos, jatinhos, carros. Gostava da fama. Foi casado por 13 anos com a modelo Luma de Oliveira. Escreveu livro, deu palestras. Vendia a imagem do sucesso.
Em 2008, a petroleira OGX conseguiu a maior captação numa abertura de capital na Bolsa de Valores de São Paulo. Mesmo sem ter extraído uma gota de petróleo ainda, a empresa vendia um sonho para os acionistas.
A aposta no petróleo foi o ápice e ao mesmo tempo o início da queda do império de Eike Batista. Os poços em que ele apostou tinham menos petróleo que o esperado.
As ações da OGX despencaram. E acabaram levando para o buraco também as outras empresas do grupo. Uma queda tão impressionante quanto a ascensão do empresário.
Em outubro de 2013, a OGX deu um calote de US$ 45 milhões nos credores. E entrou em recuperação judicial, assim como outras empresas do grupo. A dívida do grupo já ultrapassa R$ 12 bilhões, segundo o Tribunal de Justiça do Rio.
Em 2015, a Justiça determinou o bloqueio e apreensão de bens do empresário, para garantir a indenização dos investidores da OGX. Entre eles, uma Lamborguini avaliada em R$ 3,5 milhões, que decorava a sala na mansão do empresário no Rio.
Eike Batista saiu da lista das maiores fortunas do mundo para entrar na lista de presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro.