A família Bolsonaro, há anos incrustada na política brasileira, principalmente no Rio de Janeiro e agora em Brasília, quase sempre levantou suspeitas a respeito da contratação de funcionários que se quer iam trabalhar ou, no máximo, batiam ponto para garantir vencimentos ao final do mês.
Um levantamento feito pela revista Época mostra que R$ 29,5 milhões em salários (de verba pública, diga-se de passagem), foram pagos a esse tipo de servidores, contratados por Jair e seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos.
Do total pago aos 286 funcionários que a família contratou em seus gabinetes entre 1991 e 2019, 28% foi depositado na conta de servidores com indícios de que efetivamente não trabalharam.
Evidências indicam que esse profissionais, na verdade, tinham outras profissões, como cabeleireira, veterinário, babá e personal trainer, como é o caso de Nathalia Queiroz, filha de Fabrício Queiroz.
Os que mais receberam recursos foram:
Andrea Valle – fisiculturista, passou em três gabinetes ao longo de 20 anos: R$ 2,25 milhões;
Francisco Diniz – veterinário, fez faculdade enquanto era assessor. Ficou 14 anos com Flávio Bolsonaro: R$ 1,95 milhões;
Ana Maria Hudson – dona de casa, morava de Resende. Trabalhou por 15 anos com Flávio Bolsonaro: R$ 1,85 milhões;
Andrea da Cruz Martins – babá enquanto era assessora do Carlos, onde trabalhou por 14 anos: R$ 1,83 milhões;
Edir Góes – militar, trabalha desde 2008 no gabinete de Carlos e é investigado pelo MP: R$ 1,78 milhões.
Segundo a Época, esses pagamentos indicam que de cada R$ 4 pagos aos servidores, R$ 1 era destinado a trabalhadores praticamente inúteis, já que R$ 105,5 milhões foram pagos ao todo desde 1991.
Dos citados, ninguém quis se pronunciar sobre a reportagem. Apenas Francisco Diniz disse que trabalhou para Flávio Bolsonaro, mas não recordava por quanto tempo.
Atualmente, Eduardo Bolsonaro (PSL) é deputado federal pelo Rio de Janeiro; Flávio Bolsonaro (Republicanos) é senador pelo mesmo Estado; e Carlos Bolsonaro é vereador da capital carioca.